Na cidade de Maceió, um desastre ambiental de proporções catastróficas está se desdobrando silenciosamente, com as minas da Braskem no centro de uma crise que ameaça a vida de dezenas de milhares de pessoas. As cavernas abertas durante décadas de mineração de sal-gema agora representam uma ameaça iminente, gerando afundamento constante que poderá impactar a cidade de maneira irreversível. Desde 2019, quando o Serviço Geológico do Brasil confirmou que a atividade de mineração causou o afundamento do solo na região, a interdição de bairros inteiros se tornou inevitável. A situação, agora, atinge níveis críticos, com a preocupação de um desastre iminente pairando sobre a cidade.
Falando sobre o assunto na Uirapuru, o geólogo Luiz Paulo Fragomeni explicou os detalhes por trás do desastre. Ele destacou que a rocha de sal-gema, situada a cerca de 1.200 metros de profundidade, é uma reserva expressiva com milhares de metros cúbicos de sal. A Braskem, empresa responsável pela mineração, optou por esse método menos convencional visando economia, em detrimento de procedimentos mais seguros. Fragomeni ressaltou que o processo de mineração foi falho desde o início, começando na década de 1970, quando pressões políticas levaram à concessão de licenças ambientais contra as recomendações do órgão ambiental de Alagoas.
A empresa, especializada na produção de PVC, soda cáustica e cloro para a indústria química, cometeu erros cruciais ao deixar buracos abertos nas minas sem preenchê-los adequadamente, resultando em uma série de problemas que culminaram no atual estado de crise. Conforme Fragomeni, não há falha geológica no local, mas sim um procedimento mal executado. Ele destacou que, na década de 1970, a consciência ambiental era mínima em comparação com os padrões atuais, permitindo que a Braskem negligenciasse os riscos em prol de vantagens econômicas. Agora, o geólogo afirma que a cidade de Maceió enfrenta o risco iminente de afundamento, com cerca de 60 mil pessoas potencialmente afetadas. Ele alerta que a situação já provocou um afundamento de dois metros em algumas áreas, resultando em edifícios rachados e casas comprometidas.
Cerca de 5 mil pessoas já foram retiradas de áreas mais críticas, após a Braskem adquirir propriedades afetadas. O Instituto do Meio Ambiente chegou a aplicar multas à Braskem por sonegação de informações, revelando que a empresa omitiu dados cruciais. Entretanto, o valor das multas foi irrisório pelo que eles causaram, conforme relatou Fragomeni. O geólogo também lembra que 60 mil pessoas potencialmente afetadas é como se a cidade inteira de Carazinho tivesse a perspectiva de afundar em um buraco.
Caso a previsão se confirme, Fragomeni afirma que esse será o maior desastre ambiental do mundo em área urbana. O geólogo espera que tenha responsabilização e consequências para os envolvidos, evitando um desfecho semelhante ao desastre de Brumadinho, onde até hoje não houve punições. Ele conclui com um apelo, esperando que a tragédia de Maceió sirva como exemplo contundente da importância de priorizar a segurança ambiental sobre os ganhos econômicos, alertando para as repercussões negativas quando o meio ambiente é negligenciado.
Diante disso, as perguntas que ficam são: o quanto a cidade pode desmoronar? Quanto ficará em pé? Até quando a areia vai segurar a estrutura? Tudo isso o geólogo afirma ser difícil de estimar, pois agora o destino de Maceió está nas mãos da natureza, enquanto comunidade e autoridades aguardam como essa crise sem precedentes se desenrolará.
Créditos: Davysson Mendes/Secom Maceió
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