O governo federal destinou 20% das 6,6 mil vagas no Concurso Nacional Unificado para candidatos negros. Essas vagas estão distribuídas entre nível superior (5.948) e nível médio (692), abrangendo 21 órgãos federais. A publicação dos oito editais, cada um correspondendo a um bloco temático do concurso, ocorreu na última quarta-feira (10), apresentando detalhes sobre vagas, requisitos, salários, conteúdo programático, formas de inscrição, critérios de seleção, além de datas e locais das provas.
Na visão da pesquisadora sobre o trabalho de mulheres negras, Lais Barros Gonçalves, que também atua como coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o percentual de 20% é um avanço importante para a inclusão de pessoas negras em espaços de poder e tomada de decisões. No entanto, ela destaca que ainda é insuficiente para garantir a paridade e isonomia necessárias no Brasil.
Gonçalves enfatiza que a maior participação de pessoas negras na criação de políticas públicas é essencial para uma mudança estrutural no país, proporcionando espaço, voz e reparação histórica para essa população. Ela destaca o mito da democracia racial, criticando a percepção equivocada de que a população negra estava equiparada à branca em todos os setores da sociedade.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra no Brasil representa 55% do total de habitantes. No entanto, o Observatório da Presença Negra no Serviço Público aponta que, apesar de serem a maioria da população, os negros são sub-representados em posições de destaque e decisão na administração pública.
O observatório tem como objetivo monitorar o preenchimento de vagas em cargos públicos por pessoas negras. Segundo as apurações da entidade, os servidores públicos federais negros correspondem a 41% do total, enquanto ocupam 51% dos cargos de nível médio e 33% dos cargos de nível superior. Apesar disso, a remuneração média dos servidores públicos negros é 21% menor que a dos brancos, e têm 8% a mais de tempo de serviço.
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