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Desaparecimento de gerente de banco completa um mês

Portas de casas escancaradas e carros abertos com a chave na ignição são sinais de que a insegurança — comum em cidades grandes — não é preocupação em Anta Gorda, no Vale do Taquari, a mais de 180 quilômetros de Porto Alegre. Mas há um mês a cidade de pouco mais de 6 mil habitantes convive com um mistério: o desaparecimento do gerente do Sicredi Jacir Potrich, 55 anos.

Benquisto no município, o bancário sumiu após retornar de uma pescaria. Em casa, limpou os peixes, tomou caipirinha e foi até um quiosque na área comum do condomínio fechado onde reside. A partir dali, não foi mais visto. Metódico, deixou facas e outros utensílios sujos em cima de um balcão, o que chamou a atenção da família e da polícia.


Um açude, ao lado do quiosque, foi esvaziado e buscas com cães farejadores foram feitas em perímetro de dois quilômetros quadrados. Segundo o delegado Guilherme Pacífico, nada foi encontrado.


— Até o momento, não encontramos nenhuma prova de vida dele — observa o policial.

Passados 30 dias, o sumiço de Potrich motiva rodas de conversas na cidade. Em cada uma delas, um palpite diferente do que pode ter acontecido: rapto por alienígenas, assassinato, sequestro mal executado seguido de morte ou desavenças familiares originárias do Mato Grosso do Sul.


Na praça central da cidade, onde fica a estátua do animal que dá nome ao município, nem mesmo temperaturas beirando os 40 ºC incomodavam duas amigas que tentavam desvendar o mistério. Uma delas apostava na tese do sequestro, enquanto outra tentava defender a abdução por extraterrestres. A discussão ocorria a poucos metros do banco onde Potrich trabalha por mais de 20 anos.

— É muito estranho. É um vizinho nosso, como pode isso?  É uma surpresa para a gente — relata a dona de casa Maria Terezinha da Silva.


Há menos de um ano, Maria recebeu a visita de Potrich na propriedade localizada a 10 quilômetros do Centro de Anta Gorda. Ela e a família tinham acabado de chegar à cidade.


— Ele queria saber o que a gente iria plantar ali e oferecer ajuda. Foi muito prestativo — lembra a mulher.

Em uma barbearia gerenciada por irmãos gêmeos, a duas quadras da praça, o assunto era o mesmo. O cabeleireiro Umberto Pionezzola, 61 anos, conta que três dias antes do sumiço repentino o gerente ajudou a servir carne em evento em Linha Carijo Grande, na zona rural. Era domingo e nada de anormal foi percebido.


— Ele estava ótimo — conta.


Em uma lavagem de carros, ao lado da entrada do condomínio de Potrich, dois jovens palpitavam. Um deles, que preferiu não se identificar, acredita em crime cometido por pessoas de fora da cidade.


— Aqui não tem gente "profissional" assim, que não deixa rastro nem nada — afirmou.

Na barbeira e em um café, em frente à praça principal, havia quem preferisse fugir das hipóteses levantadas e falar sobre o futebol. Ou melhor, das habilidades do bancário em campo como ponta-direita.


— É bom jogador. Isso desde a adolescência — conta o agricultor Roberto Zanella, 57 anos, que se diz amigo do gerente.


Mesmo na meia-idade, a prática do esporte é uma preferência do bancário, que não recusa convites para ir a campo.


— Tem velocidade que impressiona. E olha que ele não é mais um garoto — conta Umberto.



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