@Diário da Manhã
Por: Leticia Schneider
Pelo terceiro ano consecutivo a estiagem afeta o cultivo da erva-mate. Nesta safra, a redução da produtividade no Estado chegou a 20%.
O engenheiro agrônomo da Emater, Ilvandro Barreto de Melo, explica que devido a maior demanda, há uma tendência de aumento no valor da arroba de folha verde paga ao produtor, bem como, pelo fato da folha colhida nesse período ter um incremento no percentual do rendimento industrial.
“Outro fator que poderá manter aquecido o preço da folha é o cenário de continuidade crescente na importação da erva-mate cancheada do Brasil feita pela Argentina”, comentou Ilvandro que também é Coordenador Técnico do Programa gaúcho para a qualidade e valorização da erva-mate.
Para o engenheiro agrônomo, a produção gaúcha em anos normais atinge cerca de 320 mil toneladas de folha verde. Contudo, a tendência para este ano é que tenha uma redução e a produção se estabeleça entre 250 a 260 mil toneladas de folha verde.
“A pandemia alterou mais a forma de consumo da erva-mate via chimarrão e tereré, que propriamente a quantidade de consumo. A cuia anteriormente compartilhada em rodas de mate ou de tereré, passou ser usada de forma mais individualizada. Com o frio amplia o uso da erva-mate para chimarrão e reduz a erva-mate usada no tereré”, frisa ele.
Plantio e chuvas
No Estado, são colhidas anualmente cerca de 30 mil hectares de plantação de erva-mate. Além disso, Ilvandro comenta que existem mais de seis mil hectares de ervais jovens, com menos de três anos de idade, que não entraram no ciclo de produção comercial.
“Em relação aos ervais implantados no ano de 2021 a mortalidade das mudas ficou entre 70 a 80%”, pontua.
Para uma boa colheita, a planta da erva-mate precisa receber uma precipitação pluviométrica entre 1.100 mm a 2.500 mm anuais. Nesse aspecto, o coordenador ressalta que nem sempre o que mais vale é a quantidade, mas a forma regular de sua distribuição.
“Neste ano mais recente, março 2021 a março 2022, os dados apontaram chuvas ao redor de 1300 mm na região, faixa boa para o cultivo da erva-mate, se bem distribuída, o que não foi o caso”, conclui Ilvandro.
Alta no preço e queda nas vendas
Em entrevista a Grupo Diário da Manhã, a Casa da Erva Mate, de Passo Fundo, detalhou que a venda caiu cerca de 30%, muito por conta do calor e pela pandemia, somado a isso, está também o aumento do preço.
“Nesse momento há um reajuste bem forte na indústria que é de 15% a 16%. O preço da erva-mate que estará no mercado pode variar entre R$ 13,00 a R$ 22,00”, relataram.
De acordo com empresa, essa semana foi marcada pelo início do ciclo de aumento do preço na erva-mate. A dificuldade estaria em encontrar mudas que apresentem boa qualidade, por causa da escassez e das chuvas irregulares. “Com o frio, a tendência de venda da erva-mate não é aumentar, ela só permanece no que já estava”, finalizaram.
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