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Eventual fuga de votos pesa na decisão de Leite sobre anunciar apoio a Lula ou Bolsonaro

Em duas décadas de atuação política, Eduardo Leite (PSDB) jamais esteve diante de situação tão desafiadora. O posicionamento do tucano frente à disputa presidencial entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado crucial para os rumos de sua campanha no segundo turno.


Desde domingo à noite, quando esteve a 2,4 mil votos da derrota, Leite tem ponderado opiniões, análises e conjecturas sobre o que fazer. Há muitas dúvidas sobre o efeito de uma declaração de voto que tanto pode catapultá-lo à conquista inédita de uma reeleição ao governo do Rio Grande do Sul, como pode decretar uma derrota que ameace inclusive suas pretensões de disputar a Presidência em 2026.


Se Leite anunciar apoio a Lula, há riscos de perder o voto de seus eleitores mais conservadores, cuja opção presidencial foi Bolsonaro no domingo. No Rio Grande do Sul, o presidente obteve 48,89% dos votos, enquanto os candidatos ao governo alinhados com ele — Onyx Lorenzoni (PL), Luis Carlos Heinze (PP), Roberto Argenta (PSC) e Ricardo Jobim (Novo) — tiveram 44,39%. Ou seja, 4,5 pontos percentuais dos eleitores que escolheram Bolsonaro provavelmente votaram em Leite.


Por outro lado, se o ex-governador formalizar adesão à candidatura do presidente, pode afastar os simpatizantes de Lula. O petista fez 42,28% dos votos no Estado, fatia bem superior aos 28,8% que votaram em candidatos de esquerda ao governo do RS — Edegar Pretto (PT) e Vieira da Cunha (PDT). Pela mesma lógica, Leite pode ter atraído 13,48 pontos percentuais dos lulistas gaúchos.


É a calibragem desse saldo eleitoral que tem tirado o sono de tucanos. Muitos prefeitos do PP que estão ansiosos para entrar na campanha de Leite, por exemplo, já fizeram chegar aos seus ouvidos que não aceitam declaração de voto em Lula.


O candidato vai se reunir nesta quarta-feira com a bancada do PP na Assembleia — os sete deputados atuais, mais os três eleitos — na tentativa de conseguir adesão formal à candidatura. A empreitada é difícil, já que a maioria dos parlamentares é simpática a Bolsonaro.



— Não estamos procurando apoio formal. Não negociamos dessa forma — reagiu.


No comitê, entendimento por neutralidade

Há no comitê tucano um entendimento de que a manutenção da neutralidade pode ser o melhor caminho para Leite. Os adeptos dessa tese advogam que o voto do eleitor petista virá naturalmente diante de um adversário tão vinculado ao bolsonarismo como Onyx. Nessa projeção, pesa também a pressão que Leite tem recebido de inúmeros empresários e de parlamentares dos seis partidos da coligação, a maior parte deles com eleitores vinculados a Bolsonaro.


O próprio presidente licenciado do PSDB no RS, Lucas Redecker, anunciou voto em Bolsonaro no segundo turno, à revelia da posição que o diretório venha a tomar. A decisão da direção nacional do PSDB, tomada nesta terça-feira, de liberar diretórios e filiados, também acaba dando ainda mais peso à postura pessoal de Leite. Se houvesse um direcionamento a Lula ou Bolsonaro, ele poderia repetir o discurso do "apoio crítico" de 2018 e atribuir sua escolha ao alinhamento com o próprio partido.


No início da noite, Leite, o vice Gabriel Souza (MDB) e o conselho político da campanha se reuniram no comitê central para afunilar a discussão. Por enquanto, nem mesmo a informação de que Lula estaria disposto a fazer um aceno importante ao PSDB, declarando apoio a Leite e mantendo-se neutro em Pernambuco, onde a tucana Raquel Lyra enfrenta no segundo turno a ex-petista Marília Arraes (SD) parece ter convencido o grupo.


Seja qual for a decisão de Leite, a certeza é de que ela não deve tardar, em função do começo da propaganda de rádio e TV, na sexta-feira (7), e dos debates do segundo turno. O tucano quer deflagrar a reta final da campanha com um anúncio formal, nem de que seja que não pretende apoiar Lula nem Bolsonaro.

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