Após dez anos de congelamento de valores, o aumento das bolsas de mestrado e doutorado deverá resultar em incentivo para a pesquisa no Rio Grande do Sul, avaliam gestores das maiores universidades do Estado. Entre as instituições consultadas pela reportagem de GZH, a estimativa é que o reajuste resulte em mais de R$ 60 milhões ao ano. O anúncio oficial foi realizado na tarde desta quinta-feira (16) pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Somente a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) terá cerca de R$ 30 milhões a mais em bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) destinadas a pesquisadores dos programas de pós-graduação, de acordo com o reitor Carlos Bulhões. Atualmente, são aproximadamente 3 mil pesquisadores beneficiados.
— Mantendo os atuais 3 mil alunos pesquisadores, o impacto será muito grande. Veja que em termos comparativos é um impacto muito grande. O orçamento da universidade hoje é de R$ 130 milhões, e o orçamento em bolsas de pesquisa passará de R$ 70 milhões para R$ 100 milhões — disse Bulhões à reportagem.
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) contará com aproximadamente R$ 13 milhões adicionais para os pesquisadores. A instituição possui, atualmente, 596 mestrandos com bolsa Capes, 678 doutorandos com bolsa Capes, 295 estudantes de Iniciação Científica e Tecnológica CNPq e 94 indígenas e quilombolas com Bolsa Permanência, o que totaliza cerca de R$ 44 milhões por ano de investimento em pesquisa.
Segundo Flavio Demarco, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPel e coordenador geral do Colégio de Pro-Reitores de Pesquisa e Pós Graduação e Inovação das Universidades Federais, o reajuste também é uma sinalização da valorização da Ciência:
— De 2019 para cá, registramos queda de 33% na procura pelos cursos de pós-graduação na UFPel, o que é alarmante. Agora, estimamos que haverá um incentivo aos pesquisadores continuarem contribuindo para a Ciência.
Segundo dados da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a instituição possui 294 bolsistas de mestrado e 287 bolsistas de doutorado da Capes. A universidade também conta com 28 discentes de mestrado e 13 de doutorado com bolsas do CNPq. Com o reajuste, serão R$5,2 milhões adicionais ao ano.
Para o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Eduardo Secchi, o reajuste é uma medida essencial, uma vez que a defasagem no valor das bolsas vinha causando impactos diretos no sistema nacional de pós-graduação, como o aumento da evasão e a diminuição na procura pelos programas.
— O valor pago pelas bolsas tornava difícil a permanência de estudantes. Aliado a isso, a menor procura e maior evasão têm efeitos drásticos para o avanço da Ciência. Embora o reajuste seja bem-vindo, vamos seguir lutando para que as bolsas continuem sendo corrigidas — ressaltou.
Já a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) terá um impacto estimado em R$ 12,4 milhões ao ano. Atualmente, são 1.368 bolsistas de pós-graduação na instituição de Ensino Superior.
Os valores pagos aos pesquisadores
O incentivo para mestrando passará de R$ 1,5 mil para R$ 2,1 mil. Para os programas de doutorado, as bolsas passarão de R$ 2,2 mil para R$ 3,1 mil. Já nas bolsas de pós-doutorado o aumento eleva os valores de R$ 4,1 mil para R$ 5,2 mil. Além de anunciar o reajuste das bolsas de pesquisa, o governo federal divulgou que pretende recompor o total de bolsistas.
A correção dos valores resultará em aporte de R$ 2,38 bilhões em recursos do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Na prática, para as bolsas destinadas aos estudantes de programas de mestrado e doutorado, pagas pela Capes e CNPq, o repasse será aumentado em 40%; e as de pós-doutorado serão ajustadas em 25%. Os novos valores passam a vigorar a partir de março.
Na cerimônia que reuniu reitores e estudantes de pós-graduação, Lula disse que a educação tem ser vista como investimento:
— As pessoas têm que saber que investimento em educação é o melhor e mais barato que o Estado pode fazer. Porque esse país não quer ser exportador de minério e comodities, tem que ser exportador de conhecimento, de tecnologia, de inteligência e não apenas de soja e milho.
fonte: GZH
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